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Rondonopolis, MATO GROSSO, Brazil
O mar para atravessar, o Universo para descobrir, as pirâmides para medir. Tudo existia menos a trigonometria. Construíram-se triângulos, mediram-se ângulos, fizeram-se cálculos e quem sonharia que à Lua se iria? Flor, fruto... Sucessão da natureza. Dois, quatro... Sucessão de Matemática. Quem gosta de Matemática tem de gostar da Natureza. Quem gosta da Natureza aprenderá a gostar da Matemática. O chá arrefece com o tempo, as plantas florescem com o tempo, a Matemática aprende-se com o tempo, a vida vive-se com o tempo. O que é que não é função do tempo? Eram formas tão perfeitas, que na Matemática já tinham uma equação. A sua beleza e harmonia levaram-nos do plano para o espaço e também ao nosso dia-a-dia. Quanto tempo gastou Arquimedes para desenhar retângulos cada vez de menor base, até chegar à área de uma curva? Arquimedes, Arquimedes, que paciência a tua. mas mostraste ao mundo que a Matemática ensina não a dizer: não sei mas a dizer: ainda não sei. Trigonometria, Álgebra e Geometria, tudo junto para complicar. Mas as relações são tão interessantes que até dá gosto estudar. Matemática para que serves? Para dar força e auto-confiança.

Pesquisas Educacionais

TEORIA SOBRE JOGOS EDUCATIVOS


O jogo é uma atividade espontânea, livre, desinibida, desinteressada e gratuita, pela qual a criança se manifesta, sem barreiras e inibições, tal qual é. Podemos dizer que o jogo é a atividade, o "trabalho" próprio da criança.
Ter um novo olhar para o jogo lúdico na sala de aula, como um passo importante para o desenvolvimento da criança/jovem. Para termos um jovem critico, devemos estimular a criança, para termos um adulto transformador, devemos dar condições para o jovem. Se a brincadeira e os jogos estavam inerentes desde os povos primitivos, é porque o ser humano exige essa troca, um novo conhecimento, de se inteirar na sociedade e até hoje a exigência é a mesma. Porque, então, passamos um ano inteiro na escola, e não proporcionamos esse espaço para os educandos? O professor deve se superar, criar caminhos, estimular os jogos lúdicos, confiar nos seus alunos, no seu potencial e lembrar sempre que uma sala de aula é agitada, viva, prazerosa, alegre e não quieta, silenciosa, triste, penosa. O ambiente que oferecemos, para os nossos alunos é de suma importância, para a criação, para o desenvolvimento dos esquemas cognitivos, para a convivência social, para a troca de idéias e mesmo para o desequilíbrio para podermos encontrar o equilíbrio. Esta proposta, bem aplicada, contribuirá para a melhoria do ensino e para garantir mais satisfatoriamente a permanência do aluno na escola e o direito de cidadania.
Desde a época da pré-história, existem brinquedos. O ser humano, em todas as fases da vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas por meio do contato com outro. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se de todos os conhecimentos.
A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no jovem no adulto.
Educar ludicamente tem significado muito importante e está presente em todos os segmentos da vida, desenvolvendo inúmeras funções cognitivas e sociais.
Os jogos constituem sempre uma forma de atividade inerente ao ser humano. Entre os primitivos, as atividades de dança, caça, pesca, lutas, eram uma forma de sobrevivência, mas muitas vezes o caráter de divertimento e prazer natural.
Na Grécia Antiga, Platão (427-348) afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupado com jogos educativos.
A partir do séc. XVI, os humanistas perceberam o valor educativo dos jogos e os colégios Jesuítas foram os primeiros a recolocá-los em prática.
Para PESTALOZZI (1946-1827) o jogo é um fator decisivo que enriquece o senso de responsabilidade e fortifica as normas de cooperação.
Para FROEBEL apud ALMEIDA ( 1995) a educação mais eficiente é aquela que proporciona atividade, auto-expressão e participação social às crianças.
O jogo é o ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e remotas não correspondem ao seu interesse (DEWEY apud ALMEIDA, 1995).
Para Jean Piaget, os jogos enriquecem o desenvolvimento intelectual. Os jogos tornam-se mais significativos a medida que a criança se desenvolve, pois, a partir da livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstruir objetos reinventar as coisas, o que exige uma adaptação mais completa.
Para os pensadores Wallon, Dewey, Leif, Piaget, a atividade lúdica é como berço obrigatório das atividades intelectuais e sociais superiores, por isso indispensável à pratica educativa.
Considerando a realidade em que vive a criança e a interação do adulto para com ela, não se pode esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um jogo de consumo numa sociedade que propõe qualquer objeto para ser consumido como brinquedo.
Para Leif, nada será feito em favor do aluno se os professores não se interessam diretamente por sua própria formação.
Segundo Makarenko, o professor não deve se opor à liberdade do aluno. Deve sim, reforçar a confiança, incentivar a autonomia do aluno, abrir os horizontes, promover a autogestão da coletividade pelo próprio aluno.
Uma educação que envolva os aspectos lúdicos do jogo/brincar distancia-se das concepções tradicionais que priorizam o repasse de conteúdos, a disciplina e o ordenamento sistêmico.
Muitas crianças na faixa etária de sete a doze anos parecem não demonstrarem desenvolvimento sócio-afetivos, cognitivos e psicomotores suficientes para dar continuidade, com sucesso, ao seu processo de desenvolvimento. Tal deficiência parece caracterizar-se pela falta de jogos e atividades lúdicas. Pois, a criança hoje em casa permanece horas diante da televisão, e na escola é transformada em ouvinte.
FREIRE (1991), acentua tal aspecto quando afirma:
Causa-se mais preocupação na escola ... ver as crianças que não sabem saltar que as crianças com dificuldades para ler e escrever... A criança apenas começou a aprender a pensar quando em ação corporal já deveria ser especialista. Os professores devem estar permanentemente preocupados com as habilidades motoras. Devem certificar-se de que seus alunos são capazes de correr, saltar, girar, rolar, trepar, lutar, lançar e pegar objetos, equilibrar-se, etc. Porém não devem esquecer-se que estas habilidades são a expressão de um ser humano, de um organismo integrado... Crianças são para ser educadas e não adestradas... de nada vale saber fazer sem compreender.Na verdade, o que a escola deve buscar não é que a criança aprenda esta ou aquela habilidade para saltar ou para (aprender) escrever, mas que através dela possa se desenvolver permanentemente.
Assim, o jogo é uma atividade que tem valor educacional.
Segundo Leif (1978), jogar educa, assim como viver educa:
A situação de jogo mobiliza os esquemas mentais, integrando as várias dimensões da personalidade afetiva, motora e cognitiva. O jogo se assemelha à atividade artística como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve.
FROEBEL pregava uma pedagogia da ação. Ele dizia que a criança para se desenvolver não devia apenas olhar e escutar, mas agir e produzir. Essa necessidade de criação, de movimento, de jogo produtivo, deveria encontrar seu canal de expansão através da educação. Como a natureza da criança tende à ação, a instrução deveria levar em conta seus interesses e suas atividades espontâneas, considerando o trabalho manual, os jogos e os brinquedos infantis como função educativa básica, é através dos jogos e brinquedos que a criança adquire a primeira representação do mundo, é por meio deles também, que ela penetra no mundo das relações sociais desenvolvendo um senso de iniciativa e auxílio mútuo.
Os jogos devem ser utilizados nas atividades escolares para que estes supram as necessidades infantis, nos quais paralelamente aos trabalhos escolares, venha desenvolver-se. O jogo torna a educação agradável tem valor atrativo e educativo. Não se deve, no entanto, confundir escola com oficina. Cada uma possui suas especialidades, uma prepara para a vida, outra faz a vida.
Associar o entretenimento ao aprendizado, criando experiências divertidas que tenham fundo educativo, chama-se ludoinformação e o professor deve ter consciência dessa informação e refletir, analisar quais jogos propor.
Com relação ao aspecto lúdico da educação temos John Dewey, filósofo norte-americano que critica a educação como mera transmissão de conhecimentos, cultivado pelas escolas e propõe uma aprendizagem por meio de jogos, criticando aqueles que utilizam a atividade lúdica como simplesmente uma excitação física. Dewey (1978, p. 69), afirma que há duas qualidades de prazer: o aspecto pessoal e consciente de uma energia em exercício, que pode ser encontrado onde haja um desenvolvimento pleno do indivíduo. Esse prazer é sempre absorvido, na própria atividade com que se identifica. É o prazer que acompanha o interesse autêntico e legítimo. Sua fonte é, no fundo, uma necessidade do organismo. E uma outra qualidade de prazer é o prazer em si mesmo, não de uma atividade, simplesmente, "o prazer que nasce de um contato, filho de nossa receptividade". Como já dissemos é inerente à condição humana.
Assim, o papel do professor e sua maneira de conduzir as atividades em sala de aula constituem o núcleo de um ensino voltado para o pensamento. Essa estratégia desenvolve os processos operativos de pensamento, e, para isso é necessário que os professores ouçam seus alunos, que os respeitem como pessoas únicas. O principal é que os alunos tenham oportunidades para pensar, pois, quando pensamos, temos idéias, experimentamos e, mesmo nos erros, esses processos e operações de pensamento devem ser valorizados, pois possibilitam aos alunos aprenderem a pensarem sobre os erros.
Na concepção piagetiana, os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas gerando, ainda, um sentimento de prazer pela ação lúdica em si e pelo domínio sobre as ações. Portanto, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança. (FARIA)
Segundo Vygotsky, o lúdico influência enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.
Percebe-se, portanto, que tanto o conceito de jogo como de infância são estabelecidos culturalmente. Desse modo, entendemos o jogo como uma atividade lúdica em que crianças e/ou adultos participam de uma situação de engajamento social num tempo e espaços determinados, como características próprias delimitadas pelas próprias regras de participação na situação "imaginária" (LEAL, 2005).
O professor não deve tornar o jogo algo obrigatório. Deve buscar sempre jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias, estabelecer regras que possam ser modificadas no decorrer do jogo, trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la, e analisar as jogadas durante e depois da prática.
Para Leal (2005), um desses aspectos é que "a abordagem sócio-histórica do desenvolvimento tem sido uma das principais referências para esses estudiosos". Moura (2003), afirma que os jogos passaram a ser considerados nas práticas escolares uma importante ferramenta para o processo de aprendizagem.
As teorias sócio-construtivistas concebem o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, onde as crianças não são passivas, nem meras receptoras das informações que estão a sua volta. "Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o motorista, jogando estes papeis em situações variadas" (OLIVEIRA, 1992:57). A brincadeira possibilita a investigação e a aprendizagem sobre as pessoas e as coisas do mundo. Através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, com a interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a auto-estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem.
O professor que entende o seu papel como formador, mediador, precisa agir, mudar o rumo de suas aulas. Intervir menos, deixar acontecer o desequilíbrio para depois mediar, e que o equilíbrio seja natural. Que as respostas fluam porque o caminho foi aberto e o professor deve proporcionar esses momentos.
Sabe-se que a quantidade de operações realizadas pela criança ao longo de um jogo é imensamente maior do que poderia realizar operando em propostas fechadas, dirigidas pelo professor.
Associamos o lúdico ao sentimento de prazer, do prazer em se fazer, realizar algo, de gostar de fazer, da alegria do contentamento
Sabin apresenta três pilares para o sucesso na utilização dos jogos nas escolas, educadores preparados, estrutura escolar e planejamento adequado e boa variedade de jogos à disposição.
A participação em jogos viabiliza uma conquista cognitiva, emocional, moral e social. Com os objetivos de despertar a simpatia pela matéria, desenvolver habilidade de cálculo mental e cultivar a imaginação.
Em suma, participar de jogos é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos, supõe fazer sem obrigação externa imposta, porém demanda exigências, normas e controle, vivenciar situações que se representem como aprender a lidar com símbolos, pensar por analogia, compreender e utilizar convenções, regras, perceber que só pode jogar em função da jogada do outro, o fazer e compreender juntos e desafio que provoca no aluno interesse e prazer.
O medo de errar muitas vezes nos impossibilita de criar e de expor a beleza que se esconde por traz dos jogos.
Não podemos deixar de sonhar, pois o sonho nos impulsiona e revigora as nossas forças para a luta. Tem muita luta pela frente, mas lutar juntos, com a escola, com os alunos e com a sociedade atual, é o caminho.
Quanto mais rico de possibilidades for o ambiente, maior a possibilidade de o aluno desenvolver um elemento essencial para o ser humano: a imaginação.
Ação educativa deve estar aberta para o mundo, como as trocas com a sociedade, fora da escola ou da instituição, fundamentada na criatividade e no estímulo de uma ação e de uma reflexão sobre a realidade.
O sucesso de um projeto está atrelado ao quanto o mediador está envolvido com a proposta de libertação, de autonomia e de busca incessante de novos rumos para a sociedade (Brotto, 1999, p.56).
O trabalho realizado em comunhão de idéias e co-participação proporciona a todos, uma disponibilidade de ?par-tici-par? (tecer um novo par, em par) no ato coletivo, gerando momentos de entusiasmo, boa convivência em grupo, cooperação e alegria.
"A pior morte que existe é se viver inutilmente" (Taiguara apud Cruz, 2008)
Os jogos que as crianças participam, inventam, se interessam, enriquecem os esquemas perceptivos(visuais, auditivos, sinestésicos), operativos(memória, imaginação, lateralidade, representação, análise, síntese) que combinam com a coordenação motora.
Cada vez mais devemos respeitar a criança no seu modo peculiar de "ser criança", sem tentarmos transformá-la num "adulto em miniatura", pois estaríamos indo decididamente contra a natureza e o direito que ela tem de manifestar-se e agir conforme é.
Neste conceito de respeito pelo "ser criança", inclui-se o respeito pelo direito de brincar e jogar. Este é, aliás, um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos da Criança: "A criança terá direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequada". "A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se".
Através do jogo e da brincadeira, a criança satisfaz algumas de suas necessidades mais básicas, tanto no campo físico como no psíquico e social.
O próprio fato de estar em fase de crescimento faz com que a criança se sinta impelida ao exercício físico. O jogo, por sua vez, exercita de maneira muito variada todas as possibilidades físicas da criança: resistência física, respiração, força muscular, flexibilidade das articulações, habilidades variadas, agudez de intuição, rapidez mental, agilidade, precisão de gestos, coordenação de reflexos, equilíbrio, etc. Pode-se objetar que a ginástica também tem esses efeitos. Sem dúvida. A diferença está em que o jogo interessa à criança, enquanto a ginástica é vista como uma obrigação a ser cumprida.
Nem sempre a criança tem possibilidade de se expressar com liberdade e espontaneidade em família ou na escola. Será no jogo que a criança irá se manifestar ela mesma, sem inibições e sem censuras. Quanto maior liberdade de expressão a criança tiver, mais ela se desenvolverá psiquicamente sadia. Muitas inibições curam-se com o jogo. No momento de brincar, a criança sente-se feliz e não se preocupa com o que está ao seu redor.
Sabemos que a partir dos 3 anos, a criança necessita de um grupo. Essa necessidade irá aumentando sempre mais no decorrer da infância, adolescência e juventude, até desabrochar no convívio social do adulto, para quem os contatos são de extrema necessidade.
O grupo social em que vive cada pessoa tem suas leis e seus regulamentos. Confere a cada participante certos direitos, mas impõe também certos deveres.
A descoberta e integração no grupo social chama-se socialização. É um processo que se desenvolve aos poucos, gradualmente. Com passos lentos, a criança percebe que existem outros ao seu redor, que o mundo não é só dela, que existem certas coisas que ela deve respeitar e outras que deve fazer.
Através do jogo, podemos criar todas as situações do processo de socialização e ajudar a criança na convivência com seu grupo de colegas. É um aprendizado suave, divertido e que lhe proporciona constante alegria. No jogo aprende-se a colaborar, a repartir, a observar um regulamento, a ceder o individual para que o grupo vença: aprende-se a vencer e a perder.
Quando observamos um grupo de crianças jogando, brincando, percebemos como são felizes. Vivem o mundo idealizado por elas, esquecendo-se de tudo e de todos. Os indiferentes aos poucos se aproximam, os agressivos aprendem a controlar-se, os mandões transformam-se em líderes, os egoístas repartem. Na convivência com o grupo que joga, vai se afirmando uma personalidade equilibrada e sadia.
Podemos sintetizar alguns dos valores do jogo da seguinte maneira:
— é fonte sadia de realização e diversão;
— é maneira de desenvolver-se fisicamente;
— é estímulo ao progresso, ao desenvolvimento da personalidade;
— é aprendizado para vida em sociedade;
— é descoberta de capacidades e limites;
— é meio de cura para traumas e complexos;
— é descoberta do valor da pessoa humana;
— é respeito pelo ser da criança.
Para que o jogo alcance o objetivo de dar prazer e alegria à criança, requer-se, como condição indispensável, que haja total liberdade de participação. Não devemos jamais obrigar uma criança a brincar.
Após estas considerações iniciais sobre o jogo, como elemento indispensável na vida da criança, vejamos agora algumas de suas características: O jogo não é utilitário, isto é, não é um trabalho, apesar da criança empenhar nele todas as suas energias; não lhe interessa o resultado do jogo, mas o fato de jogar.
— O jogo é gratuito. A finalidade do jogo é a alegria de jogar, e por isso mesmo devemos abolir o sistema de premiar os vencedores. O maior prêmio para a criança é ela poder brincar.
— O jogo é escolhido livremente. Quanto mais houver participação na escolha do jogo, mais a criança se interessará na sua realização.
— O jogo sempre lhe traz prazer mesmo que ela caia e se machuque. O prazer de superar obstáculos e vencer dificuldades é maior que qualquer recompensa.
— O jogo é um meio da criança superar suas tensões, portanto é um descanso, mesmo quando implica em desgaste físico ou mental.
— O jogo é sempre um motivo de alegria, pois a criança coloca nele toda a sua personalidade.
— O jogo é uma atividade vital para a criança. E poderíamos dizer o "trabalho próprio da criança", o de que ela mais necessita e gosta de fazer.
— O jogo é fator de equilíbrio para a criança, pois ela o escolhe não por refletir e compensar algo que lhe falta, mas num impulso para o que lhe dá a maior alegria.
Devemos ter presente, quando vamos brincar com as crianças:
— A idade das crianças para escolher os jogos adequados.
Dos 3 aos 7 anos é a fase das proezas e imitações. Subir uma escada de costas, jogar uma pedrinha em tal lugar, saltar com um pé só, são algumas das proezas que as crianças, a partir dos 3 anos, inventam e realizam. Ao mesmo tempo começam a imitar os pais nos trabalhos: varrer a casa, falar ao telefone, lavar a louça, bater com o martelo, etc. Imitam também os animais e as máquinas. A criança está na fase das tabulações, onde tudo é possível: é um avião, um índio, uma fada, um animalzinho de estimação. É importante, nesta fase, não caçoar da criança que tenta imitar seus pais, pois correríamos o risco de fazer com que ela deteste certas atividades.
Aos 7, 8 e 9 anos, a criança procura jogos em que possa auto-afirmar-se. Assim "comanda" os coleginhas, irmãos ou primos menores: é a professora, o padre, o comandante do batalhão, a mãe, o pai. Exige obediência e disciplina dos seus "comandados".
Dos 10 aos 13 anos, a criança está no auge da fase do jogo social. Atinge o estágio do jogo cooperativo, onde o esforço é coletivo e cada um tem sua função determinada. Neste período, as regras do jogo devem ser muito claras e observadas à risca. A criança está formando em si o sentido da lei moral, por isso exige clareza e observância, também no jogo.
A partir dos 14 anos, quando entra na pré-adolescência, os interesses dos meninos e meninas se diversificam. O jogo já é encarado como esporte, como competição, ou então é simplesmente deixado de lado ou, ainda, utilizado apenas como distensão.
Além de sabermos escolher os jogos para cada idade da criança, devemos também levar em conta:
— O lugar em que se realizará o jogo: se ao ar livre ou em sala fechada. Campo, jardim, mata, etc. Para cada local, o jogo apropriado.
— O tempo: chuvoso, muito frio, sol, sombra, etc. Cada circunstância exige um jogo diferente.
— O solo onde se realizará o jogo: terra, grama, lama, asfalto, sala encerada, ladrilhos, etc.
— O material a ser utilizado: cada jogo traz a indicação do material. A maior parte do material é fácil de se encontrar ou fabricar. Devemos prever sempre o que vamos utilizar e providenciar com antecedência. Nunca improvisemos.
— A duração do jogo: se for um recreio curto, escolher jogos que possam ser concluídos em pouco tempo. Se forem horas ou uma tarde toda, intercalar jogos que exigem mais energias com jogos mais calmos, jogos longos com jogos mais curtos, etc.
— O número de crianças: às vezes é preferível dividir o grupo, do que tentar realizar com 50 crianças um jogo que será bem realizado apenas com 20.
— A roupa das crianças: estas devem se sentir à vontade para brincar, sem preocupação de que não podem sujar-se por causa das roupas. Quando for muito frio, convém que elas estejam bem agasalhadas, ou ao contrário, quando faz calor, que estejam com roupas leves.
Para que o jogo se realize a contento, deve ser muito bem explicado. Para isso é necessário que o dirigente conheça o jogo e as regras com clareza, e as exponha de maneira que todos os participantes entendam. A linguagem deve ser simples, clara, precisa e breve. Não "enfeitar" o jogo ou colocar mais regras do que há na realidade.
Para conseguir explicar um jogo, é indispensável que os participantes façam silêncio, e às vezes é difícil conseguir silêncio de uma turma que está entusiasmada. Cada um tem seu jeito próprio de conseguir silêncio. Uma coisa é certa: ninguém consegue silenciar um grupo falando mais alto que o próprio grupo.
Devemos também ser breves nas explicações, pois a criança não consegue prestar atenção por muito tempo. E para sermos breves, devemos fazer uma exposição clara e ordenada do jogo. Dificilmente seremos compreendidos se iniciarmos a explicação do fim para o começo. Devemos falar lentamente, sem atropelos. Utilizarmo-nos na explicação, de gestos que correspondam ao que estamos dizendo, por exemplo: se falamos lado direito e esquerdo, as crianças que estão de frente para nós se atrapalharão, se não indicarmos com gestos onde está a direita ou a esquerda.
Sempre que possível, façamos um diagrama ou esquema do jogo com uma varinha ou giz, conforme o "terreno do jogo", para que as crianças visualizem. Utilizar, para significar os jogadores, pequenas pedras ou sementes.
Descobrir os participantes que entendem logo o jogo e fazê-los demonstrar para os colegas como este se processa. Eles sentir-se-ão valorizados e, assim, não perturbarão os que ainda não entenderam.
Certificar-se de que todos entenderam as regras e o desenrolar-se do jogo, e para isso é interessante realizar uma partida de experiência, onde se afirmarão as regras e os movimentos.
Não podemos esquecer de:
— Marcar os limites do campo, os piques, os percursos.
— Dividir os partidos e as respectivas denominações. É estimulante para a criança dizer, em vez de Partido A e B, um nome fantasioso, por exemplo: "Partido dos Tupis" e "Partido dos Guaranis" e outras denominações.
— Diferenciar um partido do outro, colocando uma braçadeira, um lenço ou uma faixa colorida a tiracolo.
— Fixar a duração do jogo, ou a quantidade de pontos que se deve obter para considerar partida ganha.
— Estabelecer os sinais de arbitragem.
— Deixar bem claro o que não é permitido fazer, como por exemplo: dois colegas atacarem um adversário só.
— Deixar bem claro, também, o objetivo do jogo. Por exemplo: aprisionar os adversários, arremessar a bola no pique, etc.
O sucesso de um jogo depende muito do organizador ou líder. Quando esse sabe cativar as crianças e, sobretudo, ser uma criança entre as outras, certamente o jogo se desenvolverá de maneira satisfatória. O líder deve saber manter disciplina sem imposição, e ordem sem repressão. As crianças devem sentir-se plenamente livres diante do líder, sem inibições ou medos.
Lembremo-nos sempre de que o jogo é importantíssimo para a criança. Não sejamos nós a impor os jogos, mas demos ampla oportunidade para que a criança escolha suas brincadeiras.
Para muitos, o individuo é naturalmente indisciplinado e rebelde a imposições e às normas que o prendem e limitam as liberdades, verdadeiras ou falsas. Mas, os momentos que o professor proporciona o jogo na sala de aula, há um envolvimento e atitudes e condutas se modificam, constituindo uma evolução de todas as experiências vividas e convividas.
Algumas sugestões são: TANGRAM (quebra-cabeça, dominó, criatividade) DOMINÓ (de frações), JOGOS (elaborados pelos alunos), XADREZ, UNO, BINGO, GEOMETRIA NA TABUADA (tabuada, perímetro, área, ângulos, circunferência), etc.